A ansiedade dos filhos e a dos pais

A cena é familiar para muitos pais: o filho pequeno se assusta com algo, chora e busca consolo. A reação imediata e natural dos pais é acolhê-lo e tranquilizá-lo. Mas, e se o medo que o filho sente não for apenas dele? E se ele for, na verdade, um eco da ansiedade dos próprios pais?

Essa pergunta pode parecer desconfortável, mas é essencial para entender um ciclo silencioso e poderoso que se desenrola dentro de muitas famílias. A ansiedade não é algo que surge do nada em nossos filhos. Frequentemente, ela é uma sombra que se projeta sobre eles, e a fonte dessa sombra pode ser a nossa própria.

O Espelho Emocional: Como Nossos Medos se Refletem nos Filhos

Nossos filhos são como esponjas emocionais. Eles absorvem não apenas as palavras que dizemos, mas, sobretudo, a atmosfera emocional que permeia o lar. A ansiedade dos pais, manifestada de forma consciente ou inconsciente, pode se tornar um roteiro para a forma como os filhos percebem e reagem ao mundo.

Pense em um pai que constantemente se preocupa com a segurança do filho. Essa preocupação, mesmo que bem-intencionada, pode se traduzir em gestos, em um tom de voz apreensivo ou em restrições excessivas. A criança, ao observar essa dinâmica, aprende que o mundo é um lugar perigoso e que a ansiedade é a forma normal de se relacionar com ele. O medo do pai se torna o medo do filho.

O Ciclo Vicioso da Ansiedade Familiar

A ansiedade pode se perpetuar em um ciclo vicioso:

  1. Os Pais Ansiosos: Os pais que vivem em um estado de preocupação constante, seja com dinheiro, saúde ou segurança, transmitem essa tensão para o ambiente familiar.
  2. O Filho Reage: A criança percebe a insegurança dos pais e, sem saber como lidar, começa a manifestar seus próprios sintomas de ansiedade, como medo de ir para a escola, insônia ou irritabilidade.
  3. A Ansiedade Aumenta: A ansiedade da criança, por sua vez, pode aumentar a ansiedade dos pais, que se preocupam ainda mais com o bem-estar do filho. E assim o ciclo se repete e se fortalece.

Quebrar esse ciclo não é fácil, mas é totalmente possível. O primeiro e mais importante passo é a consciência. Como pais, precisamos nos perguntar: "O que estou transmitindo ao meu filho? O meu medo é meu ou dele?".

Estratégias para Romper o Ciclo

  • Reconheça e Gerencie Sua Própria Ansiedade: Você não pode ajudar seu filho a lidar com a ansiedade se não estiver cuidando da sua. Busque ferramentas para gerenciar seu estresse, como meditação, terapia ou atividades que lhe tragam calma.
  • Valide as Emoções do seu Filho: Quando seu filho estiver com medo, evite dizer frases como "não precisa ter medo disso". Em vez disso, diga "eu entendo que você está com medo. Vamos tentar resolver isso juntos?". Validar o sentimento não o reforça; pelo contrário, mostra que ele pode contar com você para lidar com ele.
  • Seja um Modelo de Resiliência: Mostre ao seu filho como você lida com situações difíceis. Fale sobre seus sentimentos de forma aberta e saudável. Quando errar, mostre a ele como você se recupera e segue em frente.

Ser um pai ou mãe presente e amoroso não significa ser perfeito. Significa, acima de tudo, ser consciente e corajoso o suficiente para olhar para dentro de si e questionar o que está sendo transmitido. Afinal, a herança mais valiosa que podemos deixar para nossos filhos não são bens materiais, mas sim a capacidade de viver sem o peso do medo.

Fernanda Araújo
Psicóloga Clínica | CRP 06/143598
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